30 agosto 2005

S. João D`arga rodeado de cinzas...

Qualquer um dos que aqui me lêem sabem, de alguma estranha forma muito próxima, o desastre que este ano se viveu no país, relativamente aos fogos, verdade? Pois...

Tendo me comprometido, desde o início deste blog, a tentar pôr as coisas de tal forma a que nunca ninguém se entristecesse ao ler algo que eu por minha mão cá pusesse;Não posso agora cumpri-lo mais... a verdade é que, estando eu também num dia menos bom, não me consigo alienar do que vi....
Note-se que, gostando eu tanto de fotografia, não fui deveras capaz de tirar uma única fotografia áquela desgraça... Mas passo a explicar:

Todos os anos, em S. João D`arga há uma festita, uma romaria, uma tolaria.Ai se juntam num adro repleto de história e beleza, as bandas da zona, assim como outros que ali se venham a juntar... E NÃO SÃO NADA POUCOS!!! Mas continuando...
Para quem não conhece aquilo é apenas uma capelita com dois palcos de Banda e uma imensa fila de "casitas" de pedra (aqui exponho a minha ignorância porque não sei se aquilo toma alguma nome específico... Para mim apresentam-se como as descrevo) toda à roda da capela desenhando o tal do Adro de que falava...Tudo em pedra, a respirar tempos idos....
Como se não bastasse a beleza da pequena aldeola de pedra, à volta encontramos toda uma imensa paisagem repleta de verde, árvores que nunca mais acabam e que recobrem todo aquele pedaço de céu na terra...Trata-se de um pequeno "vale" numa serra muito bonita e portanto, subindo-se só um senisguinho estamos já perante quilómetros de montes (ex-)verdejantes, de uma paz que só sente quem lá vai olhar...
Depois veio 2005, onde o fogo engoliu a força das raízes que la estavam...



Está tudo negro... o adro, incrívelmente safou-se porque os bombeiros tiveram, com certeza o cuidado de proteger aquela pequena região e só um dos lados é que está mesmo desfeito sendo que tudo à voltinha se mantem com verdes ramos...
De resto... quem quer subir e olhar o que descrevia antes....pode desitir...
Eu passeei duas horas naquela estrada a olhar a extensão do que vos falo... não tenho metros na minha cabeça para vos dizer quanto foi, nem muito menos experiência para explicar mais ou menos o que queimou... sei dizer que do ponto mais alto não se viam naquela serra mais que duas filitas trémulas de árvores meio chamuscadas! Tudo o resto tresandava á nossa maldade...

Não houve mais que aquele silêncio do não mexer de folhas, do não cantar de pássaros, do não bulir coisa nenhuma...
Restou o cheiro a carvão que faz lembrar o quanto a vida é complicada por ser tão vulnerável; trás à memória, não a paz, mas os problemas que cada um de nós acarreta,e eu, nao fugindo à regra, passei duas horas a passear sem me sentir aliviada do que carregava comigo de triste...Pelo contrário... Fiz-me estranhamente lembrar de tudo...
As duas horas foram sempre na esperança de que naquela pequena curva que ai vem vou ver o outro lado e ele vai estar mais verde...Mas não...
Aquelas pedras mostravam o frias que são, sendo que se mantinham naquela vergonhosa estabilidade sem vida... o que havia modificado eram apenas as vizinhas.. o chão e a cor que as pintava...Mais nada...
Passeei sózinha...Literalmente!
A certa altura ainda vi mais o cúmulo de um par de máquinas a trabalhar ali para escavar alguma coisa de "útil" daquilo tudo. O bater daquele metal ja não ressoava a atentado porque já ali não há vida!!
Continuei enquanto houve estrada para subir... Como antes disse, sempre na estúpida esperança...
Entre as nove e as onze manhã solarenga não se via vivo verde!
Não cheguei sequer a parar um pouco para apreciar, como costumava fazer... Para quê ver aquele negrume espalhado como se de um espirro tudo estivesse negro...

E pronto... o meu negro dia também já começou hoje tendo de deixar ir aquela família de que tanto gostamos, aquela menina que tanto me apoia:) Obrigada Ana:o) Por teres estado, por seres quem és, por acompanhar sempre e ajudar mais ainda...
Obrigada a todos os daí de casa:) todos sabem o quanto mais gostamos de vocês a cada dia que passa! Foi mesmo um grande prazer ter-vos aqui; Não consegui expressa-lo no momento por ser ainda a chorona de sempre... Mas digo-o aqui com as minhas palavritas complicadas de quem quer codificar o que somente se sente com o coração...
Já tenho mas é saudades, o ano que vem quero já saber da semana em que vêm!! Mas entretanto muita carta vai rolar nesse correio português não é??
Cuidem-se muito, tudo o que não podemos nós daqui!!

***

16 agosto 2005

Por altura dos 30 anos de casados dos meus lindos papás!!


Hoje quero muito chorar

Chorar de cansaço
Deste dia feliz
De trabalho.

Chorar de tristeza
De que esta saudade
Vá morrer hoje
Quando te vir!

Chorar de emoção
Ao ver meu dia terminar
outra vez,
São.
Ao teu lado.

Chorar de alegria
Por saber-te
Por momentos
Eternos
Perto e longe de mim.


Eu e tu
Só presenças,
Aqui juntas,
Imersas!
Já que todos estes anos
Não poderiam falar-se
Eternamente.

Assim
Ai tu,
Aqui eu,
Amando-nos de longe
Agradecendo,
Um ao outro,
Esse estar ai somente.

És mais tu,
Depois de tudo...
Não posas já
No que fazes.
E vejo agora,
Claramente,
O mais tu que eu amei
E amo
Para sempre...

Era, dantes
Com palavras
Com gestos
Que demonstravamos
Sentimentos...
Agora esses mostram-se
Através destes momentos
De estar aqui
Sem movimentos.

10 agosto 2005

Nunca chegaremos a entender...

De repente chega-me uma amiga à beira e diz:
- " Rosana, dia 8 de Agosto, se fazes o favor, vens comigo num passeio da minha catequese, com os meus putos, para me ajudar a controla-los ok?".
Olha eu, uma mocinha que dificilmente tem paciência para aturar o primo, ia agora com 60 putos, de idades compreendidas entre os quatro e os quinze anos, ao Zoo da Maia!!!!LOL... Claro que aceitei sem pensar muito no assunto, é sempre bom melhorar naquilo que se julga pouco desenvolvido em nós para, precisamente, controlar a ENÉRCIA que secretamente nutrimos por esse tal afazer. Ora, eu e as crianças sempre nos demos bem ( a questão é que não variamos demasiado;o)) mas estar eu e 60 crianças na responsabilidade é(como dizer logo de manhã assim com os neurónios meio aturdidos?)

ATERRADORRRRRRR!!!



Mas, como digo, nunca tive medo de trabalho e nada seria do outro mundo!
Toca a andar!

Os dias iam passando de encontro lá ao tal dia e, essa minha amiga disse-me entretanto que seriam, a meu cargo, SETE crianças de entre os 7 a 8 anos, mas que os grupos seriam apenas formalidades uma vez que todos estávamos a cargo de todos; nenhum, de maneira alguma, poderia lá ficar nem cena do género...Iamos ás sete e meia e vinhamos ás nove da noite!!(mais de doze horas!!Ou seja, o padrão não melhorava a cada vez que a miuda me falava do passeio, mas siga...
Lá chegou o tal diita:
Levantar às sete da matina, tomar o pequeno-almoço com o ricoré e bolachinhas, e sair já por volta das sete e meia para a camionete....


Primeiro pensamento lógico do dia (até esse momento os pensamentos eram pouco lógicos ou desprovidos de interesse):

"TANTO PUTO JUNTOOOOO!!!!!!!!!!!!!!"


A minha amiga, via-os chegar aos quilos e nem ponta de susto; aquela criatura ( a Li) parece que estava sempre à espera que chegasse mais alguém e eu sempre a pensar de onde seria que eles estavam a sair; porquê que não tinham tido um contra-tempo ou um sono mais pesado para ,pelo menos, dar aso à esperança de ter seis em vez de sete... sei lá...

Mimava-me a ideia de que não seria a única com miudos para cuidar mas era complicado entender que fosse a única com aquela faixa etária!
Pahhh, basicamente, qualquer coisa, me fazia lembrar o facto de que eu não tinha experiência com miudos, nem nunca tinha pensado em tantos, todos juntos....Como seria se eu agora falhasse à Li?
Só me acalmava pensar que esta minha amiga, exactamente no ano anterior, tinha levado as mesmas criaturas a um outro passeio tendo todos eles A SEU cargo, ou seja,os tutores que ela tinha arranjado tinham falhado na altura e nem assim ela desistiu, tendo, no fim do dia, entregue aos respectivos pais ou encarregados os meninos em boas condições:o).Portanto a ideia era mesmo, ela aguentou com 60 eu aguento com sete...

Demos início à viagem, fui apresentada lá aos pequenitos e maiorzitos,













pusemos as t-shirts que a organizadora-mor tinha engenhosamente mandado fazer (deu imenso jeito para identificar os Pinchantes nos mais diversos lugares), os mais pequenos ainda tiveram direito a uma flôr colorida com o seu nome e um número de telefone em caso do temível caso de perda (idéia luminosa da comandante Li porque nós não sabiamos o nome deles (nunca os tinhamos visto)) e lá fomos nós....


Aquele meu medo dissipou-se no primeiro instante. A situação de viagem tinha, para aquela gente de palmo e meio, sido o suficiente para gostarem de mim, de forma que só naquele meio tempo entre sair da carrinha e esperar que o senhor condutor nos viesse abrir a mala para tirarmos as lancheiras, eu já tinha meninos agarrados a mim, a contar-me coisas e a engendrar outras.

A questão do nome não foi fácil, alguns ouviam Rosana e assustavam-se, de forma que recorri a Zana e outros achavam Zana esquesito de mais e chamavam Rosana... Enfim, todos com uma vontade imensa de conhecer ( e qualquer adulto perguntaria já qual a vantagem de conhecer alguém assim só porque temos que passar um dia juntos).
Inventei de os por a fazer "Hop Hop" para marcherem direitinhos ao passar na passadeira e a coisa pegou em massa, já não eram só os meus que tinham gostado da idéia mas antes toda a população mais pequena; aproveitanto a adesão escolhi esse nome para os juntar nos momentos mais críticos.
Fiz com eles o trato de que andariam mais ou menos por volta dos grupo grande e assim sendo podiam andar à vontade; era indispensável no entanto que me viessem fazer um "hop" de vez em quando para eu saber como estavam!

Incrivelmente resultou, todos e cada um fizeram questão de me vir fazer a continência de quando em vez, e até faziam questão de convidar para ver os bichos mais esquisitos ("Piton Real") ou os mais conhecidos ("Nemo!!!!!"). Mesmo os grandes foram cuidadosos em respeitar as regras básicas e ajudaram no entretenimento colectivo sem problemas; aceitaram os três estranhos que se tinham metido ao barulho naquele dia, sem qualquer entrave.


Das inocências ouvimos as coisas mais caricatas ( do género de uma menina de seis aninhos nos vir avisar atónita que as Zebras estavam "-AO ESTOURO!!!! Uma subiu para cima da outra e está-lhe a dar ponta-pés!!!!";"- SABES? EU GRITO MUITO PORQUE A MINHA AVÓ É PEIXEIRA!!!"-Note-se que desta a miuda era mesmo um altifalante em forma humana sendo que demonstrava um enorme prazer no efeito.).

Passamos depois para Guimarães, o berço da nação;fomos inevitávelmente ao castelo







mais à penha e conte-se que mesmo lá, entre as explicações da guia, tapeçaria, etc, os meninos se comportaram melhor do que muita gente grande e posso dar-me ao luxo de ser LITERAL nessas palavras...
Na Penha todos passaram pela capela que lá está e TODOS se sentaram dois minutos (como mínimo) para rezar uma Ave-Maria ao menos, sem reclamações, sem birras, sem complicações, sem nada rigorosamente (o barulhinho de fundo faz parte deles, não é?).


Bom...
Na conclusão de tudo isto tenho a agradecer á Li, por me ter posto nisto e aos meus "Hops" como ficamos conhecidos os 10 que acabamos por ser no fim do dia, porque realmente passei a ter um conceito diferente da cena; Cheguei a várias conclusões de entre as quais destaco a de que deviamos ser mais crianças nos momentos importantes, entregarmos tudo, confiar e não ver o que não compreendemos (ou por outra arranjar uma boa e sensata explicação para tudo o que não está concebido na nossa cabeça). Dos adultos apenas teriamos que aproveitar a força de enfrentar as coisas, a responsabilidade e o hombridade, quando existentes.
Aceitar a diferença tal e qual como se fosse uma igualdade ou perguntar muito e indiscriminadamente para perceber,se realmente não entendemos sendo que não nos devessemos contrangir de responder.
Deviamos ser mais inocentes....TODOS!
Mesmo que nunca cheguemos a perceber como o fazem...

Pronto... E eis o passeio que me fez tanto bem ao espírito:o)


07 agosto 2005

Quando se sente e se escreve.

Estava mais uma vez lendo o blog daquela que escreve na minha outra língua preferida e descobri, entre as deliciosas coisas que escreve um post que me chamou a atensão pela clareza e sonoridade.
Por querer partilha-lo decidi fazer uma tradução literal do que lá estava escrito e pedir a devida autorização para pôr o traduzido no meu blog; é com todo o gosto que vo-lo apresento e espero que gostem também:


Sem pressa,
submergida com a alma mais nua que o meu próprio corpo.
Rodeada da sensação acariciante da água que sabe a sal,como o
suor que envolve as paixões.
Não tenho pressa, porque já não espero, desfruto o desafio de cada minuto,
contigo, sem ti e apesar de ti,
segundo a segundo me acompanho.
Ao compaço do alimento de caricias lentas,de braços fortes, de palavras
nécias, dos nus que formam os teus
beijos na boca que nunca será silenciosa,
de teus dedos viajantes neste cabelo que nunca será
tua decisão, com a tua pele insistente nestas ancas que nunca serão poucas,
com as tuas palavras desbocadas nestes ouvidos que nunca serão o que
esperas.
Palpitantemente submergida no doce da água salgada.


Para conhecer o original é só ir aqui ao link que ponho em primeiro lugar. Posso desde já garantir aos que põem problemas à lingua espanhola que esta, lida é bem mais fácil de entender, por isso animem-se, tem coisas muito engraçadas.



*A ti, Emilce, gracias por dejarme hacer este "plajio" y mejor aún, gracias por escribirlo:o).



03 agosto 2005

Bom, e agora esperemos pelos resultados de Portugal

Aviso a todos os interessados que entrei em na Universidade Autónoma de Barcelona e.... ESTOU FELIZ!!!!Dê por onde der, já estou em Medicina e vou ser médica,mesmo que isso demore mais ou menos anos;o)...

Pá, isto agora toca-me sonhar, por uns tempos com a ida para lá, porque os resultados de Portugal só saem em 19 de Setembro, até lá vou ter que ir fazer a matrícula à dita universidade para ter o meu pássaro da alma na mão;o)...Não há quem me segure agora.Estou lááááá!!

No entanto os confrontos continuam a ser mais que muitos:
Há muito quem defenda que Braga, em termos de condições e apoios económicos não sofre da crise que "recentemente" se instalou no nosso país, há quem diga mesmo, e talvez com uma certa razão, que o poupava uns trocos aos meus pais (sem dúvida, ficaria tão perto de casa que ia economizar bastante); outros (julgo eu, menos informados) cuidam que o curso é muito melhor cá do que lá (informação não confirmada por muitos elementos da própria classe médica portuguesa que ultimamente trabalham com equipas de médicos e enfermeiros espanhois).
Outros acham que a formação é o de menos porque, afinal, quem gosta e é vocacionado chega lá sem caminho...
No entanto, como com a nota que tenho é mais provável que o próximo meteorito tamanho gigante entre em rota de colisão com a terra amanhã do que que eu entre em Braga;
Resta-me Lisboa e, caso arrastado, Coimbra.
E dessas duas opções, venha o diabo.....
Bem sei que tirar o curso num grande meio é vantajoso, cá em Portugal seria Lisboa, bem sei, mas... Barcelona não é um meio maior? Assim à primeira vista até parece;o)...
No entanto, fazia-me mais ilusão Coimbra, cidade dos estudantes... à grande...
Adorei Coimbra, também é de suspeitar que agora me alucine...Mas, e corrijam-me os dai ( e estou deliberandamente a dirigir-me ao K@ que sei que ao menos trabalha lá;o)), as condições que apresenta não são nada do outro mundo (a não ser o terceiro mundo), a universidade está bastante degradada, é mesmo muito antiga só que, também me contaram que iam passar os alunos para as novas instalações na parte nova da cidade, uma vez que aquilo estivesse concluido, peço então, com agradecimento alguma opinião mais concreta sobre o assunto;o).

Com isto a minha cabeça anda ás voltas, é evidente que procuro informação e a conclusão que se chega é mesmo que é dificil destinguir quem é que apresenta as melhores condições, quem é que nos mostra mais opções, quem nos abre mais ao mundo...
A diferença nos dois cursos (português e espanhol) em termo de anos é mesmo que o ano de internato em Espanha é único e em Portugal é bianual o que, em concenso tem vantagens e desvantagens:
vantagem que, ao fim de um ano, em Espanha, podemos candidatar-nos directamente á especialidade e desvantagem que a experiência em medicina geral é menor. Em Portugal há a vantagem de uma maior preparação a nível geral e salário garantido durante dois anos com um médico mais experiênte que nos acompanha; desvangem de termos de fazer o curso total em onze anos!!!

Sei que me torno meio chata com assunto mas sempre pode ser que passe por cá alguém que me possa dizer mais qualquer coisa;o)...
***