25 abril 2007

Sentir e não mais...

Os sentidos toldaram, disseram-me, clara e inequivocamente que sentir agora, já é de mais... Nem bem nem mau.
-"Chega!!" - ouvi eu como se se tratasse de um eco que havia penetrado a cabeça já aturdida.
E sim, era realmente um pedido completamente desesperado de algum neurónio mais sonoro pelas trajédias e felicidades quotidianas, cansado de transmitir coisas ao sistema Limbico... Não podia já mais com aquele Neurotransmissor, estava esgotado...

Não entedi á primeira... O som precisou de propagar-se uma série de vezes para que no fim, a informação passasse á área secundária correspondente (fosse ela lá na circunvolução que lhe parecesse melhor!), chegou, e finalmente fui capaz de entender que o cansaço nos corrói.

Senti, ai já num derradeiro suspiro de todas as estruturas metidas ao barulho) que há situações incontroláveis, sentimentos que por muito que os tentes entender, não dá. Mais vale, sem dúvida, e agora já sem qualquer poder de confirmação (aquilo era mesmo o último suspiro do sistema), sentar-se á beira rio, ouvir os peixes saltar inadvertidamente em vários pontos, sentir o sol na cara, e aprender (talvez mais tarde porque agora está tudo em coma) que a vida é APENAS saber lidar com TUDO... Coisa que jamais vais conseguir, (sim, as sinapses são infinitas, mas não as podes manter indefinidamente) e portanto," OLHA: vais ter problemas, acostuma-te ao desastre que foi o ser que construiu tudo isto, numa bela maquete de arquitecto, e que se esqueceu de nos fomentar o acessoramento correspondente...".
Ver a realidade tal como o próprio ALberto Caeiro fazia. Assim e mais nada. Não dizer que o peixe salta porque está feliz: isso não sabemos (se nem para nós próprio a felicidade é um conceito definido), só sabemos que salta e porque o VEMOS, ou o OUVIMOS lá a chapinhar...
Deixa-o saltar como se isso não tivesse, simplesmente, que ter algum que outro sentido subjacente... Ele saltou e nunca pediu que tal coisa fosse interpretada.
Não inventes sentimentos onde eles nunca estiveram, nem valorizes as situações pelo que elas poderão vir a ser... Sente e sê...


Suspira-se depois, como milhões de outras vezes já se fez, olha-se o rio lá de onde ele vêm, e de repente...

Tudo volta a ter sentido.