17 outubro 2006

Emudece-me...

Arrastou-me...
Este roçar dela sobre mim.
Sinto-me pingar no chão como as outras
Sinto o que não devia sentir.

Por isso
Em favor:
Insensibiliza-me.

Ensurdece-me.
Para que em silêncio
Não a ouça escorrer.

Emudece-me.
Este roçar dela sobre mim.

Ouço-a pingar no chão como as outras
Como se só juntas tivessem sentido.

Cega-me.
Para que a não veja pingar
Nesse chão,
Sim,
Como as outras.
Para que não morra em cada uma delas.

Em não mais sofrer
Por ve-las juntas.
E tornar a sentir
O sofrimento.
Não voltar a ouvir-me
Cá dentro.

Em derradeiras,
as de lágrimas
Fileiras,
Que por toda a cara minha
Ou, mais profundas ainda,
Na alma minha
Se derramam...

08 outubro 2006

Preciosidades Banais...


Preciosidade Banal ...

...de respirar e já não sentir o ar escorrer limpando os canais que atravessa como se eles fossem rodeados de paisagens e não estivessem, no entanto, preparados a chegar a pulmões envolvendo um coração que já nao ocupa o seu lugar, ou que deixou de o preencher por ficar mais pequeno...
...de estar deitado e ver um céu assim de limpo, em branco, que não marca as células que o recebem, porcessam, que o entendem nessa brancura que nem comparada é com a mesma brancura de outros olhos que alguma vez, delicadamente, pararam nesta brancura dos meus e não fizeram mais que silenciar-se, sossegar-se e apreender o momento como se correspondesse ao último de qualquer dia sem um amanhecer seguinte.
... de não existir mais controvérsias em temas que não se sabe resolver. Resolve-los só por os deixar em paz, sentir paz por deixa-los seguir até Finisterra...
... de deixar os dias passarem em mim mais uma camada de estórias, de rir ou de chorar, de nos prender, ou de nos libertar...Dias, dias, dias...

Preciosidade Banal deixar-se estar...

07 outubro 2006

Enrolada aqui, assim!

Tentar deixar os pensamentos para trás...
Estou muito cansada, insegura, preocupada...

Precisa-se pôr tudo isso para trás, parar, num instante que seja e dormir, sossegar, apagar memórias que me tornam menos o eu que já é pouco... que me pregam nesse estória que ainda é o que não devia ser.

O casaço dá destas coisas...
Dá dias assim: em que não há respeito nem pelas leis da passividade...

Não tenhas medo, não há verdade nenhuma aqui, nestas letras, nestas frases, nestas coisas que escrevo... Nelas há alguma outra coisa codificada que nunca deixo que seja a verdade em si mesma. Essa não a tenho eu, e não ta posso dar assim.
Sincera só sou quando te tiver diante e me fizer cruzar os meus olhos com os teus, só numa intensão de fazer-te entender, de mostrar-te que a verdade é dita cara a cara, tudo o resto é uma interpretação pintada por momentos solitários de sentimentos confundidos e de imaginações deturpadas pelas ditas... Imaginações...




Falar-te em voar ou em letras que se escrevem sozinhas pelo meu peito fora é-te sempre, mais uma das minh
as manias. Como sempre sou eu quem codifica tudo de forma anormal, aquela que complica o simples e que usa palavras mais complicadas que os significados que nelas pretende imprimir.

Seja.

Não tenho como mediar um tema sem que use a minha própria linguagem e, como assim ma deram, assim a utilizo para contar-te estas coisas simples de quem está cansado, não quer falar, mas escrever sem destinatário, sem objecto ou sem esse "tu" real, ajuda... é como se estivesse a falar sozinha, mas aqui não sou menos decente por isso.
É como imaginar, ou ainda bricar nas minhas casinhas com amiguinhos, de médicos e enfermeiros, de doentinhos e de bonecas...

Hoje é um dia assim!





Mas sim, rodeei o assunto!!!
Fui fazer este cruzamento para te não contar que este cansaço abalou a minha promessa!
Chorei.
Quebrei-a e sei que a não devia ter feito se sabia que cumpri-la era pior do que ir a Santiago nas condições em que o fiz este ano!

E na transparência que me deu quebra-la não fui capaz de sentir-me mal por fazê-lo. Ou seja, confesso que me não arrependo.(Vês como tento simplificar?)

Queres que conte contigo?
Esse sonho que és não me alimenta, não tem qualquer nutriente.
E como queres que viva destes reais que me não dão mais que açucar,
Também não me preenchem!



E não sei com
o dizer-te que nem queria nada preocupar-me disso, chorar aqui foi como limpar-me de preocupações. Foi deixar emocionar-me por nadas que me controlam ou fazem a minha vida...E não me venhas com complicações maiores!
Que eu sonhe e que saiba que o meu destino não é ficar aqui, nem em lugar nenhum; que saiba que estabilidade é uma palavra que em mim não cabe de tão disforme, não me convence de que não existas!

E prossigo tentando não pensar em acusar-te, se te conhecer algum dia, de todo o sofrimento que me causas só de existir sem eu saber disso!
Custa-me só imaginar o tamanho do amor que será necessário que sinta para te perdoar todos estes momentos em que o pousar da minha cabeça não tem o teu ombro de encosto, em que durmo sossegada sem sentir o calor da tua mão ali, geograficamente demasiado perto da minha...Todos os momento em que a minha alma não é completa, ainda que sendo feliz.
Custa-me conceber em mim tanto amor... Teria tantas coisas para perdoar-te antes... Teria que esquecer todos estes anos em que sofri de ignorares a minha vida, os meus problemas, teria que perdoar, até, aqueles momentos em que tu duvidaste de que eu existisse na realidade... Vou ter que saber perdoar-te esse medo de continuar indefinidamente incompleto.
Ou...


...Espera...
Talvez não...

Enrolada aqui, assim, chego á conclusão que não...

Talvez se contrabalance afinal...

Talvez sejas tu esse a quem ferirá saber que o meu estar na mesma triste ignorância de ti, das minhas duvidas da tua existência, talvez o imaginar-te impossivel...Ou mesmo este texto te venha a ferir...

Aqui admiti que às vezes não sei de ti em mim...

Perdoas-me?
Qual será o tamanho, agora desse amor?

Vendo bem, deixa lá, estamos quites!

***