22 outubro 2007

Em construção de vazios

Como se o silêncio fosse tão difícil de construir como, para alguns, o é dizer aquilo que ecoa vezes sem conta por dentro.
Calar-me, olhar-me apenas, sentir por dentro tudo aquilo que antes já estava cá fora antes que fosse sequer consciente do que pensara e codifica-lo, mas desta só para mim. Fazer várias e opostas conjunções de mim e do que aqui sou... Deixar que elas por elas se discutam aqui dentro e cala-las, como se só dentro tivessem sentido, porque cá fora mais não são do que meras histórias.


Depois de tudo, ensinaste-me que é assim que amadurecemos idéias, parece lógico, mas até que o sintas tão profundo como é, nunca lhe chegas a dar a devida razão...

Sabendo-o, parece ainda mais estupido que não continue, mas isso de escolher o momento e a pessoa certa para o contar também tem que ser carinhosa e sensivelmente detectado...
Lição da próxima vida...
Da próxima história...
Do próximo pensamento guardado e amadurecido...


Chegada é a conclusão que, sem pensar, há apenas construção de vazios, em mim e em ti que me ouves... Se não amadureceu - caiu verde, não o poderás recolocar no galho.

11 junho 2007

Ganhar a batalha

Se assim tão meramente por pedir,
delicadamente,
ao céu,
toda a gota
do mar,
do oceano,
da pocinha, deste rio,
se pode,
toda ela
destilar e subir de novo às nuvens,
de regresso à forma pura de água,

Porque teremos eternamente nós
humanos
as mãos sujas,
que jamais voltarão à inocencia que foram
no perfeitas que eram
pelos seus altivos erros,
sucessivas perdas,
de perdidas raivas,
de enganos,
das suas irremediáveis perdições?

Quiseras que as lágrimás fizessem
toda a pura destilação
interna tua.
Que os suspiros te limpassem
os pulmões e
te revissem a alma,
Te lavassem
e te levassem de novo,
ao inicio da tua própria chuva.










Sim,hoje foi aquele dia que tinha planeado esquecer, sobre o qual as teorias já se rearranjaram mais de muitos anos seguidos, me rearranjo eu, tentamos que tudo se perda ou ganhe de uma vez, sem que se volte ao principio. Mas menti-me continua sem ser o que me ajuda, logo neste dia cá estou no mesmo ponto de partida, avançada na teoria e em prácticamente nada avançada nesta realidade que te persegue em mim....
Hoje mais uma vez ganhei uma batalha e perdi ainda a guerra...

25 abril 2007

Sentir e não mais...

Os sentidos toldaram, disseram-me, clara e inequivocamente que sentir agora, já é de mais... Nem bem nem mau.
-"Chega!!" - ouvi eu como se se tratasse de um eco que havia penetrado a cabeça já aturdida.
E sim, era realmente um pedido completamente desesperado de algum neurónio mais sonoro pelas trajédias e felicidades quotidianas, cansado de transmitir coisas ao sistema Limbico... Não podia já mais com aquele Neurotransmissor, estava esgotado...

Não entedi á primeira... O som precisou de propagar-se uma série de vezes para que no fim, a informação passasse á área secundária correspondente (fosse ela lá na circunvolução que lhe parecesse melhor!), chegou, e finalmente fui capaz de entender que o cansaço nos corrói.

Senti, ai já num derradeiro suspiro de todas as estruturas metidas ao barulho) que há situações incontroláveis, sentimentos que por muito que os tentes entender, não dá. Mais vale, sem dúvida, e agora já sem qualquer poder de confirmação (aquilo era mesmo o último suspiro do sistema), sentar-se á beira rio, ouvir os peixes saltar inadvertidamente em vários pontos, sentir o sol na cara, e aprender (talvez mais tarde porque agora está tudo em coma) que a vida é APENAS saber lidar com TUDO... Coisa que jamais vais conseguir, (sim, as sinapses são infinitas, mas não as podes manter indefinidamente) e portanto," OLHA: vais ter problemas, acostuma-te ao desastre que foi o ser que construiu tudo isto, numa bela maquete de arquitecto, e que se esqueceu de nos fomentar o acessoramento correspondente...".
Ver a realidade tal como o próprio ALberto Caeiro fazia. Assim e mais nada. Não dizer que o peixe salta porque está feliz: isso não sabemos (se nem para nós próprio a felicidade é um conceito definido), só sabemos que salta e porque o VEMOS, ou o OUVIMOS lá a chapinhar...
Deixa-o saltar como se isso não tivesse, simplesmente, que ter algum que outro sentido subjacente... Ele saltou e nunca pediu que tal coisa fosse interpretada.
Não inventes sentimentos onde eles nunca estiveram, nem valorizes as situações pelo que elas poderão vir a ser... Sente e sê...


Suspira-se depois, como milhões de outras vezes já se fez, olha-se o rio lá de onde ele vêm, e de repente...

Tudo volta a ter sentido.

13 janeiro 2007

Lá fora...

Lá fora,
onde nasces cada dia
quando se calhar a única vontade seria a de morrer por dentro.

Se calhar porque esse é o ser em si:
uma morte prolongada a que chama de vida para que tenha um sentido ou para que, num outro mundo de visões, seja apenas um contra-mão de peças desconexas que vai colando numa de forrar um chão onde mover-se, como se tal fosse preciso...

Lá fora, para onde olhas e não vês,
pensando que o fazes,
mas onde apenas realidades
obliquas e perdidas,
te passam despercebidas
E onde a tua imaginação
mancha tudo do algo que te convence dessa irrealidade que não é...


Sim,
Lá fora,
onde não estás.


Ou cá dentro
onde não sou....

Ou onde me perdi.