21 abril 2006

O meu relógio parou


- Paras-te.
Hoje, à hora em que um dia eu fui só eu, por inteiro, pela primeira vez: 10:30 da manhã.

Que quizeste dizer-me com essa tua atitude tão despojada de interesse por mim?
Quiseste mostrar-me que estás ai?
Não me dou conta disso excepto quando preciso controlar-me as pressas, os vagares e os pensamentos...

Foi para que visse que além de ti, eu continuo, ainda que sem tempo?

Talvez estejas a tornar-te um pouco humano. Estás a chamar a minha atensão para ti.
Estas a pedir-me aos berros que te aprecie.
Discuti contigo horas e, por isso, aqui sonho que com isso tenhas o bastante!!
Às tantas nem horas foram, mas tu continuas sem me esclarecer!

Era para mostrar que perco tempo?
Perco?
Não me aturo assim!
Com isto estás irreconhecível!Não entendo quem és agora!
Se não és o Tempo, quem és tu?!!!

Quiseste contar-me que existes como peça material. Que isto de que não te veja como objecto mero e simples, sujeito a todas as leis da física, da química e dimensões no espaço, te afecta, não está bem!

Conseguiste!
Agora sei que tu rodas sempre no mesmo sentido, que dás voltas sem sair desse ponto central e que trabalhas a pilhas. O Tempo não faz nenhuma dessas três coisas!
Parece que o Tempo é uma própria dimensão em si, que nos atribui num ponto velocidade, mesmo sem sair deste sítio!Tu só segues esse factor como um discípulo disposto a aprender tudo quanto pode ensinar um mestre. Estavas para ajudar-me a não exceder os limites de velocidade no meu caminho!
No entanto, discípulo imperfeito, não sabes seguir teu mestre.
Só sabes que é envergonhado, que quer passar sem ser visto, por isso é que passa rápido quando estou distraida e por isso é que faz cerimónias quando não tenho que fazer!Não quer que dê por ele!Nem tu o queres, tampouco!
Queres que pare de pensar nisso?
Voltas a ter razão: o tempo não é sentido quando se pensa. E eu procuro senti-lo a cada instante!

Sabes, agora vejo o quanto lhe és distante.
Tornas o tempo em unidades, são, em ti, conjuntos de segundos, minutos, horas, dias...
O Tempo não é nada disso.
Se eu algum dia quizer o Tempo será, para mim, continuidades!!!Também pode vir em momentos sem que nunca chegues tu a saber se são momentos continuos ou que percistência lhes dou!
Tu nunca farias nada disso a teu mestre!Só podes parar!!!

Paraste nessa hora e nem sabes que significado isso tem! Eu sei!
Tu só sabias que esse era mais um movimento ao qual te impeliu e Tu, discípulo já moribundo, reflectindo nesse próprio valor de objecto desististe.Ou então, tu, discípulo rebelde, manifestaste a tua realidade de ser e partiste para uma velocidade só tua de objecto dimensional!

Fizeste bem.
Fico feliz por tomares uma atitude tão tua!Agora sei que estás bem contigo!
Fizeste com que eu pensasse em ti. Que gosto de ti como és, nem que assim sejas-parado!Ao menos sei que vais ter razão duas vezes por dia, vais encontrar-te com Ele nesses minutos!

Eu também tenho desses momentos, sabes?
Ás vezes faço coisas ruins porque me assim sinto pensar e pedir por dentro...Depois encontro a minha ruindade e sou completa: os defeitos e virtudes... e sou confortável em mim novamente.

Todos somos semelhantes em partes diferentes.

2 comentários:

Anónimo disse...

Nice. Este gostei...
Tambem gostei da imagem (quadro) escolhida. Se nao me engano (sao 3 e tal da manha e nao sei se nao estou ja a dormir) esse quadro é do meu "tio" Salvador Dali. Esse man doido pela mulher, pelo cavalo branco e pelos relogios (acho que me está a faltar algo).
Continua...qualquer dia editas um livro.
Já dizia a minha professora de portugues de 12º(virada pra mim como se eu gostasse de escrever) "muitos dos grandes escritores vêm da área da ciencia nomeadamente da medicina". E eu a pensar...HAHAHA eu vou pra engenharia!!

Bem...vou dormir...um abraco..cuida-te...

Sophie disse...

Que gde post, mais um...:)
Esse relógio que timidamente nos vai controlando... e conseguindo...!!!!!

"somos todos semelhantes em partes diferentes"
Gde frase:)

Um beijinho gde ****