23 dezembro 2005

De volta à carga!!

Enfim penso poder escrever algo, depois de tanto tempo e de tantas coisas novas!!

Só agora tive tempo para respirar, a universidade têm-me sugado o tempo de uma forma que eu nunca julguei possível, mas não me queixo, uma vez que têm sido bom aprender "coisas de médicos";), eu sinto-me feliz com isso, ainda que nunca deixe de ser demasiado cansativo.

Ara mateix, como dizem os colegas lá da catalunha (expressão que não quer dizer mais que " agora mesmo";o)), Estou em período de descanço, finalmente!

Não é que tenha coisas muito inovadoras para contar; escrever às vezes serve-me só para aliviar a vontade que tenho de construir coisas e não sei bem como, mas assim também aproveito para partilhar aqui no blog, com quem passa, das minhas novas aventuras lá com a medicina e com o catalão, a nova língua.

Espanha inteiro, e agora o vejo mais claramente, tem qualquer coisa contra os de Barcelona e a verdade é que os catalães não são nada disso que eu tinha ouvido falar, até bem pelo contrário, têm-se mostrado bastante acolhedores e posso já contar com alguns amigos por lá, felizmente.

Isto de se ir para tão longe, mudar de vida, costumes e cultura, têm os seus quês e cada vez me convenço mais de que se têm tratado sempre de mais valias para mim; a cada dia sei de uma nova coisa, não só da zona onde habito como também de todo o mundo, porque, por exemplo na aula de catalão, tenho colegas de todos os cantos e esquinas deste imenso mundo: uma de S salvador, uma mexicana, um colombiano, um belga, um bulgaro, uma polaca, uma italiana (alguns aqui em baixo;))... assim e dado que o programa de ensinamento catalão também favorece estas coisas acabamos por conhecer de tudo um pouco...
Da faculadade de medicina também não me queixo, bem pelo contrário, conseguimos juntar o útil ao agradavel. Somos imensos portugueses (cerca de 15 num grupo de 300- o que é bastante)facto que nos permite ter sempre alguém que entenda por inteiro (digamos que falar na nossa língua natal tem bem mais que palavras e só quem a fala também nos entende lá do fundo...) e por outro lado temos imensos catalães e espanhois ( a distinção foi feita por respeito a esses que agora se tornam amigos e que me explicam que isso é um sentimento...;o)). Assim aprendemos a língua e cultura, mais a medicina e a amizade com eles.

As prácticas têm sido, mais que tudo, motivadoras e as oportunidades já nos têm surgido nesta universidade que agora defendo como minha, porqua assim o é. Há projectos e idéias a ser debatidas com bastante afinco e profissionalidade, já desde o primeiro ano. Além disso, há os dias de CAP (centro de atensió primária) onde nós ainda não podemos olhar as pessoas com olhos de médicos mas já podemos assistir ao médico nas coisas mais triviais sentindo-nos mais animados e motivados para o que se segue...Além disso, estes dias em que nos vestimos de bata branca e adentramos o consultório do médico orientador, tomamos conhecimonento da forma de interacção entre equipas, do funcionamento da papelada, do tratamento de bastidores que reveste esta vida médica de uma variedade enorme de coisas que não nos passam pela cabeça que existam. Dão idéia de alguns falhos dificeis de contornar que todos os dias são pontos que preocupam as equipas, falhos que temos que estar preparados para assitir... Ali sentimos os quão variados devemos ser todos nós para salvaguardar o nosso objectivo: o cuidado, assistência e atensão dos pacientes!

Assim me voam estes dias em que as saudades dos nossos se multiplicam em exponenciais, em que o cansaço nos come a cabeça e nos anestesia, um sono tranquilo para um novo dia...
Nesta roda viva começam a surgir amigos que só confiamos, sem mais explicações profundas porque as não há... Aparecem claros aos nossos olhos fraquezas que até ali não acreditavamos ter e que nos tornam os humanos que somos.
Começa a parecer-nos certo que em algum momento temos limite... E no dia seguinte lá estão mais pessoas e mais frases que nos tocam, mais gente, mais coisas para saber e, estranhamente gostas...

Chegar a casa, sozinha, é de alguma forma, muito bom. Passear e ver tanta gente diferente, linguas que não entendo ou talvez algum portugues misturado, aspectos e feições...
De manhã chega a ser mais custoso.
Uma vez passei por um corpo a tremer. Chamo-lhe assim porque efectivamente estava embrulado, dormia naquela
curva que eu faço para apanhar os ferrocarrís, e estava naquele saco-cama vermelho, deitado no chão, tremia tanto que não fui capaz de destinguir se era um corpo feminino ou masculino... Sei só que aquela imagem vai ficar gravada por algum tempo.
Bem se diz que tudo tem o seu reveros e é assim que Barcelona mostra o seu avesso...No entanto, apesar de tudo e talvez até de forma egoista, eu gosto de lá estar. Sinto-me sortuda e vou continuar a aproveitar esta oportunidade que me calhou viver.
Amanha quem sabe?




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